home

archives

e-mail

tutorial

f.a.q.

guestbook



Site
Meter

This page is powered by Blogger. Isn't yours?

This counter provided for free from HTMLcounter.com! 
sábado, agosto 31, 2002


Se o último post, ou qualquer um dos outros, tiver te deixado confuso, leia isso. Vai te ajudar bastante.
Se mesmo depois você ainda tiver dúvidas, isso aqui vai acabar com todas definitivamente.
Ou eu não me chamo Oba Fofia.



quinta-feira, agosto 29, 2002

A coisa mais estranha de escrever um blog é o fato dele ser ao contrário. Eu sei que existe, em algum lugar, um quadradinho que eu posso marcar que inverte isso, mas aí o mesmo post velho e desagradável iria ficar olhando pra sua cara toda vez que você abrisse o blog. Dificíl alguém voltar pra ler a mesma coisa 'centas vezes. Desse jeito fica o post mais fresquinho em primeiro, o que faz todo um sentido.
Agora, se eu resolvo escrever uma coisa em duas partes (como a Terra dos Perdidos, por exemplo), a segunda parte vai ficar antes da primeira e ninguém vai entender nada. Não que eu tenha um problema com isso, tá escrito láááááá embaixo que eu não tenho compromisso nenhum em fazer sentido, pode procurar. Mas que fica esquisito, fica. Até porque, pra ficar certo, você teria que começar de baixo e ir subindo, para ler os post na ordem.
Então, faz mais sentido colocar na ordem certa para te poupar o trabalho de rolar a barra até o fim e depois voltar. Assim você não perde nenhuma parte dos textos fragmentados e entende todas as referências a posts anteriores. Só que você teria que descer até o final de qualquer jeito para ler as novidades. Ou não?
Fiquei confusa, deixa pra lá. Vai ler os posts anteriores, vai.





Eu era uma adolescente retardada

Sabe aquela sensação horrível de ter que esperar por alguma coisa? Aquele misto de excitação e pavor de que não aconteça, especialmente quando é algo que você quer muito. Como esperar ao lado do telefone que o cara com quem você ficou no sábado ligue. Por mais que você saiba que olhar para o telefone não o faz tocar, é exatamente isso que você vai fazer. Afinal de contas, você deu o seu telefone foi para que ele ligasse, é o mínimo que ele pode fazer. E você se coloca naquela situação em que nada te distrai a não ser a espera em si e a dúvida se ele vai ligar ou não. Faz parte.
Todo mundo já passou por isso. Lá está você, domingo à tarde (você dormiu a manhã toda, afinal de contas você chegou tarde em casa), grudada no telefone, fingindo prestar atenção em qualquer que seja o programa de auditório que esteja passando. E toda vez que o telefone toca, você pula. Deixa tocar algumas vezes antes de atender para não parecer que você estava esperando. Só que não é ele. Nem é para você, é para sua irmã que adora ficar pendurada no telefone. Por um segundo, passa pela sua cabeça a idéia funesta de dizer que ela não está, viajou para o Nepal e talvez nem volte. Mas você acaba sendo boazinha e tendo que implorar para ela ficar pouco tempo no telefone, lembrando a cada três segundos que você está esperando uma ligação importante.
Depois que ela desliga, você retorna para o seu posto de vigilante, até que o telefone toque de novo. O que, invariavelmente, vai acontecer o dia todo, entre as suas amigas querendo saber se ele já ligou e o vendedor de planos de saúde, passando por aquela tia que você só vê no Natal e diz como você cresceu e que não liga nunca. Até que, no meio da ligação em que a sua avó resolveu contar todas as fofocas da família para sua mãe, você dá um ataque e faz ameaças especialmente violentas à próxima pessoa que tocar no telefone porque VOCÊ está esperando uma ligação.
A partir daí, o telefone fica mudo. E começa o pânico dele ter ligado e ter estado ocupado. Será que ele vai ligar de novo? Você tenta se convencer de que ele não ligou ainda, anda até a cozinha e volta, para se acalmar. O maldito telefone continua num silêncio sepulcral.
Lá fora já está escurecendo e nada. Você começa a pensar em todas as hipóteses para ele não ter ligado: ele pode ter sofrido um acidente e estar no hospital, em coma. O telefone dele pode estar com defeito e ele não conseguiu ligar. Ele pode estar dormindo ainda. Ele pode ter perdido a memória e estar vagando pela cidade. Ele pode ter perdido o seu telefone. A casa dele pode ter pegado fogo. Ele pode ter sido assaltado e levado um tiro tentando reagir. Ou ele pode ser um canalha e nem lembrar que prometeu te ligar, enquanto você fica se torturando ao lado do telefone. E você começa a desejar que todas as coisas horríveis que você imaginou realmente aconteçam.
Enquanto isso, você espera e sofre. No fim, talvez ele ligue, talvez não. O importante é que você não arredou pé de perto do telefone. Que mais se há de fazer, se você realmente quer que aconteça? Faz parte.



quarta-feira, agosto 28, 2002


Sabe o que é incrível? A quantidade de brógues brasileiros no Blogger (meu mui amado servidor e hospedeiro). Toda vez que eu entro no Blogger para colocar os post que fazem tanto sucesso com o meu leitor, tem pelo menos um brógue brasileiro na lista dos 10 brógues atualizados recentemente. Brasileiro é que nem formiga: adora uma fila, tem em todo canto e você nunca consegue se livrar deles.
Agora o que não é incrível é quantidade de brógue brasileiro com título em inglês, afinal de contas é um mundo globalizado, permitindo que você seja babaca em qualquer língua. Antes que alguém me pergunte: como eu sei que o brógue é brasileiro se a lista só dá o título do brógue, que por sinal é em inglês? Fácil, eu tenho olho clínico. Mas não precisa ser um gênio pra sacar um brasileiro se fazendo de bacana à distância, quer ver?
Na lista abaixo, qual (ou quais) brógue(s) é(são) brasileiros?

Blue thinks
Tyler Durden's journal
Much to say about nothing
Fuck the Faxion
More than words v.7
[stranGe] DeJa Vu
Mothern
My sin is my pleasure
CalvinOne
Friends

Respostas para o e-mail no link ali em cima (eu já expliquei como funciona, então não me venham com desculpas). Quem acertar ganha um presente surpresa exclusivo da Oba Fofia S/A.




A vida tem dessas coisas...

Quando eu era bem pequena, eu era incrivelmente fresca. Eu era tão fresca que fiquei famosa. Até hoje sou lembrada pelos meus hábitos alimentares limitados, que se resumiam basicamente a macarrão e salaminho, juntos ou separados. Toda minha nutrição se baseava nisso. Obviamente essa fase não durou muito tempo e eu logo passei para comidas mais sofisticadas, como frango sem tempero. A fase do frango durou um bom tempo, mas aos poucos eu fui me tornando uma pessoa razoavelmente normal, não sem antes passar pelas fases do combo bife-hamburguer-almôndega e da dúzia diária de bananas. Hoje eu me considero uma pessoa bem mais saudável.
O meu ponto com isso tudo não era exibir minhas peculiaridades alimentares, até porque eu já vi piores – tem uns que comem 19 azeitonas no almoço e outros que comem couve no meio da tarde. O que eu queria provar é que as pessoas tendem a evoluir com o tempo. Conforme elas vão envelhecendo, elas aprimoram seus gostos e habilidades até o fim da vida. Quer dizer, a maioria delas. Porque tem gente que evolui e pára no meio do caminho. O Al Pacino, por exemplo.
O Al Pacino é um grande ator. Não dá para não respeitar um cara que já foi Scarface e Michael Corleone; embora eu tenha uma tia que nunca consegue diferenciá-lo do Robert De Niro e do Dustin Hoffman. O cara é bom. O problema é que tem mais ou menos uns dez filmes que ele faz exatamente a mesma coisa. Não importa qual é o papel: ele entra em cena com aqueles olhos esbugalhados e cara de perdido, fica furioso, grita e vai embora. Pensa bem: Advogado do Diabo, O Informante, Um Domingo Qualquer; só muda o entorno, a interpretação é a mesma. Até no chatinho Insônia é igual. E olha que um dos personagens era o diabo em pessoa.
Tudo bem que o cara já está estabelecido e não precisa provar nada pra ninguém, mas fica parecendo uma tremenda preguiça. Dá a impressão que ele passa o ano todo deitado na rede e só sai de vez em quando para cuspir em quem mais estiver em cena. Não custava nada fazer um esforcinho pela grana preta que ele deve ganhar de cachê, já que dificilmente o velho Al desaprendeu a atuar. Eu posso ter evoluído, mas continuo gostando de salaminho, e nem ganhei um Oscar por isso.



terça-feira, agosto 27, 2002


O.k., tem um link ali em cima escrito E-MAIL em letras de tamanho razoável, caixa-alta. Você pode observar que quando você passa o cursor, ele fica branco; isso caracteriza um link. Se você clicar nele (vai lá, experimenta), provavelmente vai abrir uma caixa que permite que você escreva um o quê? Sim, um e-mail.
Portanto, não é um ítem decorativo. Então porque até agora eu só recebi UM e-mail? Vai ver que os meus page-views só querem dizer que o meu leitor ficou extremamente psicótico nos últimos dias...



segunda-feira, agosto 26, 2002


Tratado Burnham-Durden*

A sociedade moderna é uma merda. Isso é um fato de domínio público. Estamos todos cansados do consumismo, da desigualdade, da injustiça, da competição e do conformismo. Bons mesmo eram os tempos de antigamente, sejam eles quando forem, quando as pessoas não eram tão vazias e desiludidas. Mas parece que a nova safra de "críticas à sociedade" do cinema encontrou uma fórmula simples e caseira para o homem moderno fazer a revolução-sem-esforço. É só seguir passo-a-passo e todos os problemas do mundo estarão resolvidos:

I - Demita-se do seu emprego ruim. Esse passo pressupõe que você tenha um emprego insatisfatório onde você vai estar desperdiçando todo o seu potencial. Se você não tiver, arrume um, preferencialmente com um chefe boçal que te ache um merda e tenha uma bela briga com ele antes de sair, causando um escândalo qualquer e, se for possível, tente extorquir muito dinheiro dele.
II - Arrume uma mulher pouco ortodoxa. Pode ser uma ninfeta amiga da sua filha (ou irmã mais nova) ou uma freqüentadora de grupos de apoio para câncer de próstata. Quanta mais estranha, melhor. Mas tem que ser gostosa.
III - Tenha ataques de fúria. Bata com a cabeça contra a parede, quebre pratos, quebre a cara de alguém contra a parede. Chame bastante atenção enquanto estiver fazendo isso.
IV - Perca o apego a possessões materiais. Carros esporte vermelhos são permitidos, mas o resto deve ser exterminado. Em hipótese alguma compre um sofá.
V - Faça exercícios físicos. Manter (ou recuperar) a forma é muito importante. Levante pesos, escale paredes, aprenda uma arte marcial, não importa, desde que seja pesado.
VI - Arrume uma forma alternativa de suporte. Crie camelos, faça velas, dirija um taxi, qualquer emprego que não envolva grandes corporações e seus amigos achem que você ficou maluco.
VII - Consiga novos amigos que já tenham passado por isso e possam servir como modelo de inspiração, mesmo que eles sejam imaginários.
VIII - Faça sexo. Muito sexo.
IX - Não se preocupe com as conseqüências de seus atos. Faça o que quiser, com quem quiser, quando quiser. O pior que pode acontecer é uma explosão sub-atômica ou começar a atrair membros do mesmo sexo.
X - Tenha um epifania ou qualquer tipo de revelação transformadora que te permita ver como a sua vida é miserável e sem futuro e o quanto ela pode mudar se você sair dessa letargia.

Pronto. Se você seguir esses 10 passos simples, você será um homem realizado e feliz e o mundo será um lugar melhor, de algum jeito. A única contra-indicação, se você seguir os passos à risca, é que você morre no final. Mas isso é um preço pequeno a pagar por uma sociedade menos caótica e mais justa, não é?

* Publicado originalmente em Merendeira Metafórica número 25.





Movie quote day

É segunda, é dia de citação de filme! Everybody dance!

'You're gonna need a bigger boat!'





Momento Jabá

O Lois colocou um link do meu brógue no dele e me fez um monte de elogios. Obrigado, Lois! O link pra ele tá aí, mas só por uma questão de educação. Não visitem o blog dele não, que ele é chato e não gosta. É melhor não contrariar, vai que ele chama o Bruno E o Marrone pra me dar porrada...





Questões relevantes para pensar em momentos em que você não tenha nada melhor para pensar (como agora, por exemplo)

O que você faria se seu filho nascesse com uma deformidade física?
E se ele fosse homossexual?



domingo, agosto 25, 2002


A tolerância é a maior das virtudes humanas.




Teoria da conspiração número 537

Imagine um bebê bem fofinho, daqueles de comercial de fralda ou de seguros. Imagine que você está segurando esse bebê nas mãos e ele está olhando pra você com aquela carinha sorridente. Que cena bonita, hein? Aproveite e dê uma cheiradinha no seu bebê imaginário para sentir aquele cheirinho gostoso de neném. Sentiu?
Agora pensa bem: bebês são uma gracinha, mas também são pequenas máquinas de secreções. Eles fazem cocô, babam e regurgitam o tempo todo. Você acredita mesmo que eles tem um cheiro permanente de lavanda? A maioria dos bebês provavelmente federia e muito, se não fosse a quantidade de produtos para eles com cheiro bom. É um tal de talquinho perfumado pra cá e colônia baby pra lá que a indústria de cosméticos acaba te convencendo que bebês cheiram naturalmente bem. Vai me dizer que isso não é uma conspiração?



sábado, agosto 24, 2002


Tudo bem que já faz dois anos desde a última eleição e que não há memória que consiga guardar o nome de todos os candidatos, especialmente de partidos como PSC e PCO, mas você também não tem a impressão de que são exatamente as mesmas caras?
Desconsiderando, obviamente, o Roberto Jefferson. Aquele ali mudou tanto que devia considerar uma nova carreira, algo como bicho-papão. Imagino a família reunida pro jantar, quando a mãe liga a t.v. e diz pra criança: "se você não comer todos os seus legumes, o Roberto Jefferson vem te pegar!" O consumo de brócolis ia subir loucamente.
E se você, como eu, está tendo problemas para escolher seus candidatos, não perca o horário eleitoral gratuito. Hoje, por exemplo, escolhi meu candidato para deputado federal. Era um partido pequeno qualquer, daqueles que só dá tempo de dizer o nome e número do candidato. Mas esse cara veio com uma plataforma de campanha imbatível, a melhor que eu já vi desde que comecei a votar:
Eu sei o que você precisa e vou buscar.
Não é sensacional? Se ele, ainda por cima, entregar em casa, eu voto até para presidente.



sexta-feira, agosto 23, 2002

"Land of the Lost"

ou "Cemitério de Anão"*





Por que quando você coloca um par de meias para lavar só volta um pé? E por que existem milhares de pombos pelas ruas se ninguém nunca viu um filhote de pombo? Não entendeu? Se você faz parte da ridícula minoria que nunca perdeu um guarda-chuva, este texto não é para você. Pessoas de pouca fé raramente compreendem o conceito aqui apresentado.
Existem coisas que vão, coisas que vêm e coisas que vão e vêm. Não, não estou falando de sacanagem. Certas coisas surgem do nada e outras desaparecem para o limbo e nunca mais são encontradas. Pela lógica, o número de coisas perdidas deveria ser igual ao de coisas encontradas, mas não é. Perde-se muito mais fecho de brinco do que se acha notas de cem reais, por exemplo. E só existe uma explicação racional para isso: existe um lugar para onde vão todas as chaves que somem bem na hora em que você está atrasado pro trabalho.
Vamos chamá-lo, para fins antropo-científicos, de Terra dos Perdidos. Funciona mais ou menos assim: está nublado e você saindo de casa, quando a sua mãe manda levar o guarda-chuva. Você não quer perder tempo, cata o guarda-chuva e sai. E, claro, esquece o troço em algum lugar. Vai chover e você vai levar esporro quando chegar em casa todo ensopado. Mas vamos nos concentrar no que acontece com o guarda-chuva. Assim que você vai embora, ele entra num vórtex e vai parar na Terra dos Perdidos, seção das coisas que vão. Lá chegando ele fica impossibilitado de voltar. Ou você já achou um guarda-chuva alguma vez?
Mas a boa notícia é que a chegada do seu guarda-chuva libera a passagem de algo que está na seção das coisas que vêm para esta dimensão que habitamos. Daonde você achava que vinham os megafones? Os mais apressados vão apontar uma falha nesta intrincada teoria: perde-se muito mais guarda-chuvas do que existem megafones no mundo. Explica-se: existe uma tabela de correspondência. Para cada 100 guarda-chuvas perdidos, aparece um megafone. Ou alguma coisa assim.
Têm outras coisas que simplesmente desaparecem só na hora em que você precisa delas. Como os seus óculos quando você vai assinar um contrato. Você tinha deixado em cima da mesa, revira a casa toda e não acha. Uma hora depois, você os encontra em algum lugar sem ter a menor idéia de como foram parar lá. Na verdade, o que aconteceu foi que, assim que se formou a necessidade do uso daquele objeto, desencadeou-se uma reação em cadeia e os seus óculos foram parar na Terra dos Perdidos, seção das coisas que vão e vêm. Eles ficam lá apenas durante o tempo necessário para que você passe por uma situação vexatória e reaparecem no lugar mais inusitado possível.

(continua...)

* Publicado originalmente em Merendeira Metafórica número π.



quinta-feira, agosto 22, 2002

Não é que ele respondeu?

Abaixo, na íntegra, o primeiro e-mail desde que eu botei o e-mail no blog:

"Olá, dona Fofia!
Sou o seu leitor único e preferencial. Adoro tudo que a senhora escreve
neste blog. Continue melhorando o seu design e postando todo dia, que eu
continuarei prestigiando este bálsamo de textos bem escritos e instigantes.
Ok, na verdade, mesmo que você pare de escrever, eu provavelmente
continuarei visitando. Mas você não precisa se preocupar. Eu sou só um
pouquinho psicopata."

Meu leitor não é simpático? Obrigada pela parte em que me tocas.






Ah, as pessoas normais e suas vidas entediantes - versão brasileira Gota Mágica

Meu leitor reclamou que eu não traduzo nada. Então, aí vai a tradução tosca-nas-coxas pro post com a sensacional letra de "My pink half of the drain pipe", da Bonzo Dog Band:

"Minha metade cor de rosa do cano
Me separa da incrivelmente fascinante história da sua vida e todo evento do seu dia-a-dia em sua minuciosa e tediosa atenção aos detalhes... E era uma Quinta ou uma Quarta? Ou, ah, não, não era isso. Ah, quem se importa de qualquer jeito porque eu não ligo Norman, se você é normal, eu pretendo ser uma aberração para o resto da minha vida, e vou te impressionar com repolhos e rinocerontes na cozinha citações incessantes de "Agora Somos Seis" através da boca da cabeça elétrica envenenada gigante de Lorde Snooty."

Viu como era simples?





Ah, as pessoas normais e suas vidas entediantes





"My pink half of the drainpipe
Separates me from the incredibly fascinating story of your life and
every day to day event in all it's minute and tedious attention to
detail... And was it a Thursday or a Wednesday? Or, oh, no, it wasn't though. Oh,
who cares anyway because I do not so Norman, if you're normal, I intend to
be a freak for the rest of my life, and I shall baffle you with cabbages
and rhinoceroses in the kitchen incessant quotations from "Now We Are
Six" through the mouthpiece of Lord Snooty's giant poisoned electric
head.
" – Bonzo Dog Doo Dah Band



quarta-feira, agosto 21, 2002




Ooooh!




Economia

– Posso te falar uma coisa?
– Claro.
– Eu estou apaixonado por você.
– Puxa, mas eu gosto de você como amigo.
– Com licença, eu vou pular da janela só um pouquinho.

***********

– Posso te beijar?
– Não.
– Nunca?
– Talvez.
– Talvez é pior do que não.

***********

– Me perdoa?
– Não.




Questões relevantes para pensar em momentos em que você não tenha nada melhor para pensar (como agora, por exemplo)

Quem somos?
De onde viemos?
Para onde vamos?
Se o pato bota ovo, por que a galinha não sabe nadar?



terça-feira, agosto 20, 2002

Show

A maior atração turística da cidade atualmente não é o Corcovado, nem a Praia de Copacabana. A maior atração da cidade é o sinal da Av. Professor Manuel de Abreu, na altura da Uerj, em Vila Isabel. Por quê? Porque lá é o ponto do pior malabarista de sinal do mundo. Enquanto na Lagoa tem pirâmides de cinco garotos, todos jogando bolinhas e na Av. Princesa Isabel, em Copa, tem um com camisa de lantejoulas vermelhas, esse garoto é um prodígio. Ele não faz pirâmide, nem embaixadinha, nem rodopia. O que ele faz? Ele joga UMA bolinha. Sim, apenas uma bolinha, que ele joga para cima e pega de novo. É um espetáculo e tanto.
O detalhe adicional é que ele não só joga apenas uma incrível bolinha, como deixa ela cair de vez em quando. Mas é tudo parte do show. Por isso, da próxima vez que você estiver por perto, dê uma passada lá e dê uma força para o garoto que ele merece. Não é todo dia que aparece um talento como esse.




Muitas teclinhas...



segunda-feira, agosto 19, 2002


Papo de gordo

Uma das melhores coisas de ser adulto é poder estragar o seu apetite. Lembra quando você era criança e só queria comer batata-frita e biscoito de chocolate e seus pais diziam que você não podia porque ia "estragar o seu apetite"? Claro que isso era só uma desculpa, na verdade eles não deixavam você se entupir de porcaria para evitar que você morresse de infarto do miocárdio aos 12 anos. Mas isso não vem ao caso.
Agora que você tem discernimento o suficiente para comer Sucrilhos toda manhã para suprir 25% das suas necessidades diárias de vitaminas, no resto do dia pode comer o que quiser, quando quiser. Mas o fato é que todos esses anos te condicionaram a comer primeiro o salgado, depois o doce. O que não é de todo ruim, principalmente se você gostar de doces. Tudo que é muito fácil perde a graça.
Esperar o fim da refeição pode ser um exercício interessante. Cria-se uma expectativa em relação à sobremesa que pode transformar uma torta de chocolate num evento épico. É o mesmo mecanismo básico do cinema, que faz com que você não fique frustrado ao descobrir que, no final das contas, Rosebud era só um trenó (ops, acabei de estragar o final do filme. Bom, agora já era.)
Voltando à questão, então você está lá, terminando seu almoço, e está quase satisfeito, mas ainda sobrou aquele espacinho pra sobremesa. Você está pronto para se entregar ao apelo hedonista do açúcar, sonhando com alguma coisa sofisticada e grandiosa de preferência envolvendo algum tipo de calda. Qual é a coisa mais frustrante que pode acontecer nesse momento? Obviamente, excluindo uma chuva de meteoros e uma súbita queda total de cabelos, a resposta seria não ter sobremesa, certo? Errado.
Existe algo muito pior, absolutamente revoltante que pode acontecer. Podem servir como sobremesa SORVETE DE CREME! Você provavelmente está me achando muito esquisita de estar aqui fazendo uma campanha anti-sorvete de creme, que é uma coisa tão inofensiva. O que alguém em sã consciência teria contra sorvete de creme? Nada. Eu não sou contra o bicho em si, mas na sua classificação equivocada como sobremesa.
Sobremesa de verdade tem que ter classe, porque tem a obrigação de ser igual ou melhor do que a refeição, porque convenhamos, ninguém quer ficar andando por aí com gosto ruim na boca. E sorvete de creme não tem classe, pelo menos não sozinho. Sorvete de creme é acompanhamento. Você aceitaria sair para almoçar e comer arroz como prato principal? Arroz é legal, mas ninguém além dos japoneses realmente acredita que aquilo é comida. É tudo uma grande enganação.
Então, da próxima vez que tentarem te empurrar sorvete de creme, branquinho e inofensivo, sem nenhuma calda de chocolate para acompanhar, proteste. Você tem todo direito. A não ser que você seja japonês.




Movie quote day

Então a partir de hoje, segunda será oficialmente o dia da citação de filme. Ou não.

'– What is it, Ben?
– I'm just...
– Worried?
– Well...
– About what?
– I guess about my future.
– What about it?
– I don't know...I want it to be...
– To be what?
– ...Different.'







Lembrete

You are NOT special.
You are not a beautiful or unique snowflake.
You are the same decaying organic matter as everything else.




Contador manual aposentado.



sábado, agosto 17, 2002

Você, de Mercedez

20:50 de uma quarta-feira chuvosa (o primeiro clichê de uma série). Estava eu num ônibus da linha 474, completamente vazio. Só eu, o trocador e o motorista, que apagou a luz e encostou o ônibus a uns 200 metros do ponto final. Coincidentemente, o meu ponto. Ainda faltavam alguns minutos para a hora prevista de chegada e ele resolveu esperar ali no canto, no escuro (como se apagar as luzes fosse esconder um ônibus). Eu não tinha pressa, ou se tinha, era menor do que a preguiça, então sentei no banco atrás do motorista e fiquei ouvindo a conversa. Hábito desagradável, eu sei, mas todo mundo faz (só que alguns não assumem) e eles não pareceram se incomodar com a minha presença.
A impressão que eu tive é que os dois não se conheciam muito bem, mas há certas situações que criam uma intimidade natural, um espécie de cumplicidade gerada num dia de trabalho e no objetivo comum de voltar para casa. Foi aí que o motorista resolveu se abrir:
– Rapaz, cê num sabe o que me aconteceu! – olhou para mim e riu – Ela vai até rir, disse, como que me autorizando a participar.
– Dia desses, larguei o serviço às 4:18 (essa precisão de minutos dos rodoviários sempre me impressiona). Saí da garagem e fui bater em casa às 10 pras 6. Cheguei na porta, a mulhé me abre e PIMBA, me acerta um no olho. "Engraçadinho", e me deu uma mordida que ficou marcado até agora!
Ele levanta o braço e exibe a ferida de guerra. Se o trocador viu, eu não sei, não consegui achar uma mordida num braço preto no escuro. Mas deve ter visto, porque comentou:
– Foi feia a coisa, hein?
O motorista fez que sim com a cabeça e continuou:
– Ela me perguntando aonde eu tava até essa hora e eu lá, no serviço, pegando no batente. E o pau comendo. Aí eu pensei "eu não preciso disso". Parei, virei par ela e disse "tô legal". Ela: "Tá legal o quê?" "Tô legal com você. Tchau". Fiz minha mala e fui embora e não voltei mais. E não vou voltá não. Depois de um dia de serviço, ela me acerta um cruzado? Eu não preciso disso.
Ele ligou o ônibus de novo e andou mais cem metros. No percurso, o trocador fazia perguntas. Fiquei sabendo que ele tem três filhos, sendo duas gêmeas de 4 anos. Só que aí ele parou, encostou de novo e abriu a porta. Era um sinal claro para eu descer. Como eu, muito mais interessada na história do que em chegar em casa, não esbocei nenhum movimento, o motorista sorriu para mim de novo:
– Aí, amiguinha, acho melhor você descer que dessa vez vai demorar."
Droga. Eu estava sendo excluída da conversa. Ainda pensei em protestar, em dizer que não tinha pressa ou fingir que estava com câimbra, qualquer coisa para não descer. Mas embora o ônibus não tivesse chegado ao ponto final, a história tinha e eu não tinha motivo para permanecer ali.




Contador manual: 1



sexta-feira, agosto 16, 2002

O.K, aqui é o ponto em que é melhor parar com a insanidade antes que as pessoas que não leram isso comecem a ficar preocupadas. O que não faz o menor sentido. Então é melhor corrigir para "as pessoas que poderiam ler isso aqui e começar a ficar preocupadas descubram". Pronto, bem melhor. Também é bom explicar que isso foi só um fluxo de consciência, algo para ativar o cérebro e fazer as idéias fluirem melhor. É sempre bom tirar o lixo incompreensível para dar passagem às coisas bem-feitas. Ou talvez seja efeito do coquetel de remédios pra gripe que eu estou tomando. Melhor nem pensar no tipo de efeito colateral que isso pode ter.
Então, voltando ao assunto em questão, que é nada. Ou melhor, era que eu não sou maluca, mas isso já está eloqüentemente provado no primeiro parágrafo, então agora eu estou meio sem assunto. He, he, he...
Isso é meio vergonhoso. Todo esse fluxo de consciência psicótico parecia prometer grandes obras geniais, mas não. Atrás dele veio o nada. Talvez o nada seja interessante. Pode ser uma boa idéia conversar com o nada, sentar na frente dele e perguntar: "e aí, como vai?". E esperar pacientemente por uma resposta que talvez nunca venha. Quem disse que o nada fala? Mas podia falar.
Pelo bem da continuidade, vamos dizer que o nada responde. E o nada? Bem, o nada não está nada bem. Por quê? Porque tem que haver conflito. Sem conflito não tem história. Se o nada vai bem, ficamos apenas sentados de frente um pro outro, nos encarando profundamente, sem nada para dizer. Então tem que ter conflito. Mas o que pode estar se passando com o nada?
Antes que algum engraçadinho se intrometa, é bom lembrar que sou eu quem conversa com o nada, sentados frente a frente como estamos. E o nada começa a relatar uma forte angústia emocional. O nada não sabe o que quer. O nada está cansado de não querer, de não saber, de não existir. O nada quer ser preenchido com coisas à toa. Nada grande e volumoso, veja bem. O nada sabe que é de bom tom começar pequeno e ir crescendo aos poucos. E de pouco em pouco, o nada se transforma. E vira alguma coisa, para depois mudar de nome e quem sabe um dia se tornar tudo. Mas se o nada é tudo, então tudo é nada, já diria o filósofo. Talvez ele estivesse certo, mesmo que esse nada e seus desejos estivessem apenas dentro da minha cabeça, de onde só saíram para cá. Talvez o nada e o tudo sejam um só e o nada nunca terá seus desejos atendidos porque eles nunca existiram. Ou talvez existam mais coisas entre o tudo e o nada do que supõe a nossa vã filosofia.
O nada está, de qualquer forma, tranqüilo por ter desabafado e se sente confortável para se levantar e voltar ao lugar de onde veio e de onde poderá sair de vez em quando, mesmo que só para uma conversa à toa.




Decidi que vou escrever nessa porra! É isso aí, não quero nem saber.
Se todo mundo (todo mundo meeesmo...) faz essa parada, eu também posso. Só não vou fazer sentido.
Sentido é para os fracos.



Adopt your own useless blob!