segunda-feira, setembro 30, 2002
Movie Quote Day
E vocês pensaram que eu tinha esquecido...
'Im-Ho-Tep...
Im-Ho-Tep...'
Homenagem merecida à passarinha zumbi.
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23:35
domingo, setembro 29, 2002
'You unlock this door with the key of imagination. Beyond it is another dimension. A dimension of sound. A dimension of sight. A dimension of mind. You're moving into a land of both style and substance of things and ideas.'
Numa tarde normal de sábado, três jovens normais estão sentados num cinema normal. Atrás deles, uma patricinha aparentemente normal fala ao celular.
— Onde cê tá eu deixei seu ingresso lá fora com uma cara vestido de lanterninha eu expliquei pra ele como você era e disse pra só entregar pra você viu você vai demorar eu já tô aqui dentro não ela não vem porque o pai dela...
Ela parecia que nunca mais iria parar de falar, numa torrente desesperada de palavras vagamente conexas, as quais ela soltava para o vazio e os três jovens nunca saberiam se havia realmente alguém do outro lado da linha se, aproximadamente quinze minutos depois, não tivesse chegado a ouvinte. Imediatamente, ela se pôs a falar.
— Oi tudo bom atrasei muito cara eu achei que não fosse conseguir chegar o trânsito tava horrível e você não sabe o que aconteceu comigo hoje meu dia foi pééééssimo e...
O comum numa conversa é que pessoas falem em turnos. Primeiro uma, depois a outra, sucessivamente. Não era assim que as duas procediam. No exato momento em que uma começou, a outra a acompanhou:
— Oi tudo ah quê isso eu sei como é é mesmo puxa o que aconteceu sabe ontem eu também tive um dia super estranho porque o Rodrigo me ligou e...
O estilo era inusitado mas a conversa aparentava ser normal. O único elemento realmente estranho era que parecia não ter fim. Os três esperavam que quando as luzes se apagassem, elas parassem. Mas não foi o que aconteceu. A sala ficou escura, a tela se iluminou e as imagens se sucediam, mas elas continuavam. O falatório invadia a sala inteira e o público começou a reclamar. As patricinhas seguiam em sua conversa particular que não ia a lugar nenhum, não tinha uma conclusão, simplesmente se estendia pelo cinema adentro enquanto os créditos do filme passavam. Foi então que pararam. O filme já começado, de repente elas ficaram em silêncio, como que hipnotizadas. Os jovens da frente foram tomados por um alívio coletivo.
Será que elas tinham chegado a um fim? Seria possível que elas tivessem chegado a um impasse, em que as duas concordavam, ou ao menos concordavam em discordar? E como isso poderia acontecer se elas nem mesmo estavam discutindo, se nem pareciam estar ouvindo uma a outra? O importante é que tinham parado, e por isso os três jovens estavam tão gratos que não pensaram sequer que algo pior poderia acontecer. Algo muito mais terrível, e tão sem sentido que seria capaz de torcer a cabeça de especialistas treinados. E, lá pelo meio do filme, aconteceu.
O silêncio respeitoso do cinema foi então quebrado por um barulho que não vinha da tela, mas da poltrona atrás dos três jovens, que se olharam aterrorizados ao perceberem, simultaneamente, que era um celular. A qual das duas pertencia, eles nunca saberão, já que suas identidades se confundiam ainda mais no escuro. Ela atendeu, para o horror de todos a sua volta, e começou a falar:
— Oi
...
— Tô no cinema. Não posso falar.
Se você, como os três jovens, acreditou que esse seria o fim da conversa, você está errado.
...
— Vendo um filme aí.
...
— Ih, eu esqueci.
...
— Faz o següinte...
Era o limite. Ali, naquele momento, sentados na sala de cinema, a paciência dos três jovens tinha se esgotado definitivamente. Por instinto, tomaram a única atitude possível ali e, ao mesmo tempo, como que ensaiado, pediram silêncio:
— SSHHHH!!!
A conversa ainda continuou por alguns segundos. Mas assim que terminou, os três jovens ouviram, horrorizados, uma voz soar na escuridão, vinda eles sabiam muito bem de onde, embora custassem a acreditar. Não era possível, mas estava acontecendo. Ao desligar o telefone, ela, a patricinha do telefone exclamou em alto e bom som:
— Que gente mal educada! Nem sabe pedir com educação. Tomara que o telefone toque de novo!
'You've just crossed over into the Twilight Zone.'
MUAHAHAHAHAHAHAHAHA...
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23:20
sábado, setembro 28, 2002
Ah, e não deixe pão de bobeira na minha frente também. Eu tenho uma tendência cleptomaníaca-acidental que só se manifesta com pão. Acho que por hoje é só.
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00:16
sexta-feira, setembro 27, 2002
Um conselho de amigo: nunca, mas nunca, em circunstância nenhuma, nem mesmo se você estiver perdido na tundra gelada, me peça informações. Eu faltei a essa aula e sou fisicamente incapaz de dar uma informação correta. Ou melhor, pode me pedir informação sim. Mas faça o contrário exato de tudo que eu disser. Você provavelmente vai chegar no lugar certo.
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23:58
Eu não gosto do meu nome. Nunca gostei. Já fiz de tudo para as pessoas me chamarem de vários apelidos, alguns com mais sucesso do que outros. Gisele Bündchen, por exemplo, nunca pegou. Enfim, não gosto do nome, mas é o único que eu tenho e, de vez em quando, eu me pego sentido aquela alegria infantil de ver meu nome por aí. Sabe aquela coisa boba de "olha, a personagem desse livro tem o meu nome" ou procurar o seu nome numa estante cheia de plaquinhas com o Piu-Piu do lado? Pois é.
Agora alguém me explica o següinte: porque uma bandinha ridícula fez uma música com meu nome, cheia de verbos imperativos ainda por cima? E porque eu sou obrigada a ouvir isso no rádio? Eles deviam ter que me pagar direitos autorais.
Se bem que podia ser pior: podia ser um engodo dance me mandando mexer a cadeira.
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11:58
quarta-feira, setembro 25, 2002
Dos mistérios intrínsecos a uma manicure num salão de cabeleireiro
Oi, tem alguém aí livre pra fazer mão? Tem sim, seu nome? Maria*. Eliana*, cliente aguarda na recepção. Nossa, que chique esse lugar, com microfone e tudo. Eliana, Maria. Nossa, que coincidência, você é Maria, e eu sou Eliana Maria. É mesmo (sorriso simpático) Maria realmente é um nome incomum, né, nós devemos ser irmãs kármicas. É cada um que me aparece. Pode sentar aqui, querida. Obrigada. Já volto. Hum, tá quente aqui. Também, esse monte de luzes acesas desperdiçando energia. Eu, se fosse aquela velha ali, pedia pra desligar. Ela deve ficar bem melhor no escuro. Não tem uma Caras nesse lugar, não? Põe a mão aqui por favor. Não repara não, minhas unhas tão todas tortas mas não sacaneia não, que fui eu que fiz, valeu? Ah, nem tanto. Isso, muito bem. Faz muito tempo que você não faz as unhas, né? Ih, moça, você nem imagina. Se essas cutículas falassem É, deve ter uns seis meses. É, parece mesmo. Eu sei o que você está pensando, mas não é nada disso. Eu sou muito feliz e bem resolvida, viu? Eu não fico em casa sozinha e deprimida nos sábados à noite. É que eu não tenho tempo, eu sou muito desempregada e preguiçosa. Você prefere quadrada, né? Como é que você sabe isso? Você lê mentes por acaso? Sabe a minha senha de banco também? E o nome do meu amiguinho imaginário na infância? É. Você quer alguma coisa? Claro que sim. Pode começar com um flash pra minha máquina que a gente vai indo até chegar na paz mundial, ok? Água, café? Ah, isso? Não, 'brigada. Puxa conversa, vai, seja simpática.Fala sobre o tempo Que frio hoje, hein? É mesmo. Ainda tá chovendo? Não sei não, meu bem, não fui lá fora o dia inteiro. Ô ROBSON*! Ainda tá chuvendo? Tá. Ah, que pena. Hum, acabou o assunto. Já fui simpática o suficiente. Você devia passar óleo de cravo... WHOOSH (barulho intenso de secador)...antes de dormir...WHOOSH...funciona sempre. Ah... ok, eu não ouvi nada do que ela disse. Espero que não seja nada importante. Ainda bem que não era uma pergunta. Sua cutícula é muito fininha. É, já me disseram isso. AAAAIIII!! Sua filha da puta, me arrancou um pedaço do dedo! Ai! Desculpa, é que você tem cutícula em cima e embaixo. Hã? Ok, eu não sei argumentar contra isso. Você venceu. Tudo bem, ela é difícil de arrancar mesmo. Molha a mão ali. Eu estou sangrando. Alguém não vai ganhar gorjeta hoje. Eu já te perguntei se você queria alguma coisa? Essa história de novo? Moça, você vai acabar me confundindo Já, mas eu não quero nada não, obrigada. Que cor você vai querer, lindinha? Uma bem clarinha puxada pro rosa. Olha, tem esse, esse, esse... Ahn, vê esse aqui. Esse? É. Você nunca quis por um vermelho não? Que tipo de pergunta é essa? Isso deve ser uma pegadinha. Ela tá me chamando de reprimida? Ih, qualé, tá me estranhando? Quero trocar de manicure, essa aqui tá com defeito Eu usava muito vermelho, mas é que hoje eu não posso, tenho uma festa de família. Ah, bom. Ela não acreditou. Eu tô vendo na cara dela. É verdade, tá? Suas unhas têm um formato muito bonito. Obrigada tá tentando se redimir? Não vai funcionar. Hoje não tem gorjeta. Prontinho, querida. Deixa eu só anotar na boleta. Gostou? Gostei, obrigada. Tchau então. Tchau.
Eu adoro ir ao cabeleireiro.
* Os nomes foram mudados para proteger os inocentes?
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13:36
Kilométrica, a caneta simpática, por um preço milimétrico
Eu não sei o que é um giroscópio.
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Pessoas que não têm o que fazer raramente têm tempo para fazer o que querem.
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O frio não estimula atividades intelectuais. Aliás, o frio estimula muito pouca coisa.
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Existe todo um outro mundo embaixo das cobertas.
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Pensar besteira é mais fácil do que não pensar.
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Às vezes eu me pego pensando no helicóptero tailandês.
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Os verdadeiros infelizes são aqueles que dormem de meias porque não têm quem lhes esquente os pés.
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Boa noite.
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01:10
segunda-feira, setembro 23, 2002
Movie Quote Day
Feliz dia de São Lino a todos.
'— You are a very strange man.
— You have no idea.'
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21:35
O tesouro do Faraó
Achei meu egípcio maluco! E ele não é egípcio coisa nenhuma. Por um lado, isso foi meio frustrante, eu já estava imaginando todo um enigma piramidal que respondesse às minhas perguntas, mas pensando bem, é melhor assim. Não seria nada legal se fosse um fundamentalista psicótico me perseguindo por eu ter falado mal de sorvete de creme. De psicótico, já basta o meu leitor. Ele parece meio indeciso quanto ao fato de ser maluco ou não, então vocês podem ir no blog dele e tirar suas próprias conclusões.
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02:36
domingo, setembro 22, 2002
Interlúdio
Charlie bem que gostaria de ter se retirado para um esconderijo secreto e passar a semana fazendo planos mirabolantes para conquistar a Trakinas, mas infelizmente ele nunca soube como parar o tempo. A semana continuou a transcorrer normalmente, o que quer dizer que ele teve que freqüentar a faculdade e até mesmo assistir às aulas. Por um lado, manter a cabeça ocupada não era ruim, pois quanto mais a festa se aproximava, mais nervoso ele ficava. Por outro, era difícil se concentrar em qualquer coisa com todas as preocupações que ele tinha:
- A caverna de Platão...
"E se ela mudar de idéia e não for na festa?"
- Blá-blá-blá Sócrates...
"E se ela levar alguém?"
- Blá-blá-blá Kant...
"E se ela tiver arrumado um namorado ontem à noite?"
- Blá-blá-blá Spinoza...
"E se eu abrir meu coraçãozinho e ela pisar em cima dele?"
- Blá-blá-blá morte...
"E se ela rir de mim?"
- Blá-blá-blá vida...
"O que eu vou dizer?"
- O amor é um porteiro de boate que sorri.
"Hein? Do que esse cara tá falando?"
E assim a aula de filosofia foi passando para Charlie, como a paisagem numa viagem de carro muito longa. No começo você ainda repara nas casas e árvores passando, mas lá pelas tantas você começa a ignorar o mundo ao seu redor por completo. Tanto que Charlie sequer percebeu quando acabou. Foi preciso uma cotovelada de Samuel para que ele acordasse:
— Tá dormindo, cara? Hora de ir, 'bora tomar umas cervejas? – Charlie olhou para cima e viu Samuel sorrindo para ele.
— Não, acho que vou pra casa.
— Essa mulher tá te derrubando, hein?
— Como é que você sabia que...
— Fala sério, cara, sou eu. Você acha que eu não sei que você tava pensando nessa tal de Fandangos?
— Trakinas, corrigiu Charlie.
— Uaréver, deixa o biscoito pra lá, mané. Não vale a pena se preocupar com mulher não. Na hora você vai lá e passa o rodo nela.
— Falar é fácil, né, Samuel?
— Não, falar é difícil. Catar essa mulher é bem mais fácil do que manter um diálogo intelectual com ela.
— Será?
— Claro. Deixa o biscoito pra lá, Carlitos, vamos nos divertir. Olha, eu tô com o livro básico de Vampire aqui na mochila. Quer jogar?
— Pode ser.
— Então formou. Vou chamar o Manuelzinho pra jogar com a gente, beleza?
— Tá.
Logo depois, os três saíram em busca de uma sala vazia onde praticar o vício sujo e delinqüente do RPG. Procura daqui, procura de lá, as salas estavam todas cheias de alunos em aula, o que gerava aquele bônus divertido de ter trinta pessoas olhando enquanto eles faziam aquele olhar abestalhado de "ops, acho que abri a porta errada". Samuel, revoltado, reclamava que "a merda da faculdade" não tinha aula quando eles queriam e tinha quando não queriam. De sala em sala, sempre a mesma coisa.
Até que subiram ao último andar do prédio e tentaram todas as portas, sem sucesso. Já meio desistindo, Charlie chegou a uma porta no final do corredor. Ele podia ver, pela fresta embaixo da porta, que a luz estava apagada, mas a porta não cedeu quando empurrou a maçaneta. Concluindo que estava trancada, voltou para contar o fato.
— Trancada?, perguntou Samuel. Que estranho.
— De repente a gente consegue a chave. Vou lá embaixo falar com o porteiro.
E Manuelzinho foi em direção ao elevador e sumiu numa curva.
— Deixa eu ver essa porta – pediu Samuel. Quem sabe eu não consigo abrir com um clipe. Um amigo meu trabalhou como chaveiro e me ensinou a fazer.
— Sei, Samuel, suspirou Charlie, pensando que já ouvira isso antes.
Eles foram até a sala trancada, meio desesperançosos e ficaram olhando fixamente para a porta, até Samuel virar bruscamente e dizer:
— Ô Charlie, me explica uma coisa.
— Fala.
— Como é que essa porta tá trancanda se ela não tem fechadura?
Só então Charlie reparou que havia um buraco embaixo da maçaneta, bem onde a fechadura deveria estar.
— Mas ela não abre, ó – disse Charlie empurrando a maçaneta, meio confuso.
— Não abre o caralho – respondeu Samuel.
Ele recuou alguns passos e literalmente enfiou o pé na porta, com toda força. A porta foi abrindo bem devagar, centímetro por centímetro, fazendo um barulho agudo de alguma coisa sendo arrastada. Quando ela abriu por completo, os dois foram confrontados por dois pares de olhos e uma bunda. O rapaz de pé, com as calças no joelho, e a moça deitada na mesa olhavam para fora embasbacados, enquanto os não menos aturdidos Charlie e Samuel não esboçavam qualquer reação. Demorou um pouco para que todos os quatro percebessem o que tinha acontecido.
O casal dentro da sala tinha sido mais rápido do que eles em encontrar uma sala vazia. Como a sala não tinha trinco, os dois empurram um latão de ferro contra a porta para não serem incomodados. O que explicaria a total perplexidade ao dar de cara com dois nerds interrompendo sua diversão.
Já Charlie e Samuel, que queriam apenas um lugar sossegado para jogar RPG, estavam descobrindo novos jeitos de ficarem envergonhados. Charlie se viu desejando que uma manada de elefantes passasse atrás deles naquele momento. Ninguém se mexia, um esperando que o outro fizesse alguma coisa. Até que, recuperando a fala, Samuel quebrou o silêncio:
— Desculpa, disse na voz mais firme que conseguiu encontrar. Ele fechou a porta e os dois foram se afastando sem dizer nada. Pegaram o elevador, desceram até o térreo e encontraram Manuelzinho, ainda procurando o porteiro.
— Ué, que que você tão fazendo aqui? Desistiram?
— Desistimos. Esse negócio de RPG não leva a nada. Eu vou para casa dar uns catucos na patroa, disse Samuel.
— E você, Charlie?
— Eu? Eu... Ah, eu vou só pra casa mesmo.
Depois disso, Charlie não pensou mais na Trakinas o dia inteiro.
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23:12
sexta-feira, setembro 20, 2002
Não percam, amanhã, o segundo capítulo das incríveis aventuras de Charlie:
– Episódio 2: o ataque dos nerds.
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22:36
quinta-feira, setembro 19, 2002
A jóia do Nilo
Agora chega. Eu estava disposta a ignorar o fato, a tratar como uma mera curiosidade, mas assim também já é demais. Se você é o egípcio maluco que já esteve aqui QUATRO vezes, faça o favor de se identificar e explicar como foi que você chegou aqui. Você mesmo, o cara do "Link Egypt, Egypt". Quem sabe você não fez a curva errada em Alburquerque, veio parar aqui por engano e não sabe como sair? Não precisa ter vergonha não, viu, essas coisas acontecem. Apareça para a gente bater um papinho, ok? Eu juro que não mordo.
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22:43
Meu médico sempre me disse que eu tenho que fazer exercícios. Aliás, os médicos de outras pessoas também já me disseram que eu preciso fazer exercícios. Um médico maluco também mandou que eu fervesse os meus lençóis, mas isso não vem ao caso. O fato é que depois de anos ouvindo como exercícios fazem bem para a saúde e como eles evitam que você morra, o que é um benefício interessante, eu fui fazer exercícios. Mas eu não me vendi totalmente ao sistema, já que eu ainda me recuso a pisar numa academia de ginástica e especialmente a usar roupas justas de lycra com cores que simplesmente não deviam estar juntas.
O que não significa, de maneira nenhuma, que eu consegui escapar dos "Aaaaahh, muleque!". Os A.m. são uma raça muito comum no Rio de Janeiro, facilmente reconhecível pela camiseta sem manga mamãe-sou-forte, bermudão e óculos escuros, de preferência espelhado e pendurado na nuca. Óculos escuros na nuca é algo que foge totalmente à minha compreensão, e eles usam até de noite, aliás na night, porque A.m. que se preza vai pra night toda noite. E vai a praia no dia següinte pra contar o que fez na night do dia anterior. E passa todo o tempo livre na academia, trabalhando os músculos que ele tem que exibir na praia.
O meu A.m. pelo menos não passa o dia na praia, já que ele trabalha na minha "academia de ginástica". Mas aparece em sites com nomes como boadanight., de óculos escuros e abraçado com uma loura falsa. E ainda por cima, se achando o máximo, do alto de seu imponente 1,60m. Isso também é comum entre os A.m.'s: eles sempre acham que estão agradando. Menos mal que eu só tenho um, e não preciso ficar ouvindo ele dizer "Aaaaaahh, muleque!" o tempo todo. Ele nem é de todo ruim, pelo menos dá para rir da cara dele toda vez que ele tenta azarar as poucas menininhas que freqüentam a minha academia para velhos e preguiçosos. É, pensando bem, deve ser um suplício para ele trabalhar num lugar assim.
Então, para ele e todos os A.m. do mundo, fica a minha singela homenagem:
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01:38
quarta-feira, setembro 18, 2002
Agora que eu já deixei a perplexidade no ar tempo suficiente, vem a explicação.
Caso alguém tenha se perguntado o que diabos é esse negócio de , é o següinte: um drama épico sobre a vida de Charlie, um cara legal.
Quem é Charlie? Não importa.
Por que eu estou escrevendo isso? Eu não sei.
Onde fica o banheiro? Primeira porta à direita.
A única coisa que realmente importa é que as incríveis aventuras de Charlie serão atualizadas somente aqui, neste bat-local, numa bat-hora aleatória qualquer. Isso foi só o começo.
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23:00
terça-feira, setembro 17, 2002
– São todas desenháveis. – disse Ben com ar de triunfo.
– O quê?!? – perguntou Charlie, perplexo.
– As suas “mulheres”. Eu finalmente descobri o que elas têm em comum. Elas são desenháveis.
– O quê?!?
– Pensa bem: uma tem olhão, a outra é dentuça, teve aquela do testão e agora essa da cabeça redonda.
– Você ta me chamando de barangueiro?
– Não, não é nada disso. Mas é que todas elas têm pelo menos um traço forte, bem característico, fácil de desenhar, sacou? Você que desenha devia me entender.
– Por que você fala isso como se desenhar fosse ser da Maçonaria?
– Deus do céu, você é difícil! Só estou dizendo que eu consegui sacar qual é o seu tipo de mulher.
– Não sei não...
Nisso, passa no corredor uma caloura morena de olhos grandes e nariz arrebitado. Charlie, previsivelmente, segue a menina com os olhos e acaba dando de cara com o sorrisinho sarcástico de Ben.
– Ok, cara, você tem um ponto. – disse Charlie, se entregando.
Charlie não é exatamente uma pessoa difícil de definir. Ele é um cara de gostos peculiares. Por exemplo, se ele tivesse que escolher uma das mulheres da Turma do Scooby-Doo, ele pegaria a Velma sem pestanejar. Depois de conviver com ele por algum tempo, você acaba vendo que esse tipo de coisa faz todo um sentido dentro do contexto Charlie. E o gosto dele acaba não sendo tão peculiar assim. Afinal de contas, quem iria preferir a Daphne depois de descobrir que mistérios a Velma esconde embaixo daquele suéter de gola role? Ou talvez o Charlie tenha assistido a televisão demais na infância.
De qualquer forma, Charlie sempre teve problemas com as mulheres. A maioria das pessoas acha que é porque ele é muito tímido, mas ele suspeita que tudo teve origem no episódio doloroso da sua pré-adolescência em que a Júlia, sua paixão na época, se recusou a dançar com ele, mas aceitou dançar com outro cara assim que ele virou as costas. Esse é o tipo de coisa que traumatiza um homem. Se você tivesse passado por isso depois de ficar duas horas criando coragem para convidar a garota para dançar, você também teria problemas com as mulheres.
A mulher da vez era a garota do rosto redondo. Como desenhista, Charlie sempre teve uma queda por curvas e, como tímido, por relacionamentos platônicos. Esse não poderia ser diferente. A garota do rosto redondo, que ganhou o apelido de Trakinas, por motivos óbvios, não tem a menor idéia de que Charlie está apaixonado por ela. O problema é que ele se apaixona fácil e rápido demais, o que nem sempre dá chance ao objeto da paixão descobrir isso. Algumas só souberam quando ele já tinha mudado de alvo, outras não sabem até hoje. E assim, ele foi pulando de garota em garota até chegar à Trakinas. Em vinte anos, deve dar um número considerável de mulheres.
Além de ser desenhável, a Trakinas não tem muito em comum com suas antecessoras. Para começar, ela é loura. Charlie sempre teve uma preferência assumida por morenas: esse mito brasileiro de que toda loura é bonita não cola para quem estudou em colégio suíço. Mas a Trakinas é loura e bonita, e não apenas segundo o gosto peculiar de Charlie. Ela é realmente bonita e, por isso mesmo, bastante cobiçada, o que era um problema a mais para Charlie.
– Essas mulheres assim, bonitinhas, quando tem muito homem urubuzando, acabam ficando metidas. Essa aí, daqui a pouco, tá se achando muito mais gostosa do que é. – foi o que disse Tarzan quando Charlie pediu conselhos. Ele ainda acrescentou:
– Se você quiser pegar, é melhor andar rápido. Se der bobeira, ou alguém vai furar seu olho, ou ela vai se achar tanto que não vai ficar com ninguém.
Charlie achou que ele devia ter razão, já que Tarzan era veterano e pegador, e ele ainda estava no quarto período e computava mais empates e derrotas no currículo do que vitórias. Só que agir rápido não é bem o forte de Charlie. Ele prefere admirar à distância, ficar amigo e se tornar o cara para quem elas falam sobre outros caras. Mas dessa vez ia ser diferente.
Desde o último fora, Charlie tinha decidido ser um novo homem. Dessa vez, ele ia vencer o platonismo de uma vez por todas. Ele estava cansado de esperar que ela percebesse que ele era um cara legal e se apaixonasse por ele espontaneamente. A Trakinas ia saber de tudo na primeira oportunidade.
E essa oportunidade não tardou a surgir. Charlie descobriu que ia haver uma festa no Teatro de Arena da faculdade no fim da semana. Depois de sondar um pouco, ele soube que ela iria à festa e começou a fazer planos.
– A Trakinas não perde por esperar.
Fim do primeiro episódio...
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23:40
segunda-feira, setembro 16, 2002
Movie Quote Day
Mais uma ode, dessa vez à sociedade de consumo.
'– Take the money!
– You think I'm a thief? You see, I'm not the thief. I'm not the one charging 85 cents for a STINKING SODA! You're the thief! I'm just standing up for my rights as a consumer.'
posted by Oba Fofia at
23:16
Só hoje! Último dia! Queima total do estoque! Entrega das chaves!
A natureza humana é realmente uma coisa incrível quando observada de perto. Veja o homem médio e a palavra promoção, por exemplo. A simples menção da palavra faz com que ele se sinta atraído. Ele vai dar uma checada, com a desculpa de que estava precisando de umas coisinhas e volta para casa abarrotado de coisas que, na verdade, ele não precisava.
Observemos o homem numa promoção de loja de discos. Ele saliva ao ver o selinho de desconto brilhando lá longe num CD que ele nem gosta muito, mas afinal de contas, se tiver baratinho... Aí ele vai num bipador daqueles (porque essas lojas nunca põe o preço nas coisas?) e descobre que o CD custava 39,90 e está por 31,90: 20% de desconto, uma pechincha. Ele não pode jogar fora uma oportunidade dessas.
Esse fenômeno pode ser melhor observado quando as promoções têm aquele baldão com coisas "a partir de...". O "a partir de..." é a maior lenda da sociedade moderna. Se está escrito "a partir de 5 reais", pode apostar que você não vai encontrar um só ítem lá dentro que custe menos de 10 reais. O pobre homem médio chafurda dentro do baldão durante horas para encontrar um ítem que preste, cotovelando os vizinhos e sempre com medo de que alguém encontre o místico CD maravilhoso e super-barato perdido antes dele. É quase uma busca pelo cálice sagrado. Então ele vai para o caixa todo pimpão, achando que aquele CD que ele encontrou vai custar 5 reais, só para ouvir que ele na verdade custa...
– Cinqüenta reais.
– Mas como assim, cinqüenta reais?!? Eu peguei esse aqui no balde da promoção. Não está em promoção?
– Tá sim. Antes custava setenta. O senhor vai levar?
– Ahn... Não acho que não.
– Próximo, por favor.
Para não ser totalmente humilhado em sua masculinidade, o homem compra qualquer coisa que esteja baratinha. Quando chegar em casa, vai se arrepender amargamente e largar na estante sem nunca ouvir aquele CD solo do Ringo Starr que estava com 50% de desconto. Isso, claro, até o aniversário daquele amigo mala, de quem ele ganhou o "Zezé di Camargo e Luciano ao vivo" no ano passado. O CD está até hoje na estante, desde que ele descobriu, ao tentar trocá-lo, que tinha sido comprado na promoção.
Desse episódio, podemos tirar duas conclusões:
1) O homem é um animal fascinante.
2) Lojas de discos são sórdidas.
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19:31
sexta-feira, setembro 13, 2002
Isso está se tornando um hábito desagradável, mas...
É que eu realmente preciso ler gibi agora.
posted by Oba Fofia at
23:23
Momento "from me to you"
O.k., graças ao meu leitor psicótico e um monte de gente esquisita que veio parar aqui e continua voltando (por algum tipo de neurose coletiva, eu suponho), o brógue está muito perto de completar 1.000 visitas. Eu poderia aproveitar este momento para agradecer a todos vocês e à Academia, mas eu não sou muito disso. Na verdade, eu queria mesmo era pedir ao visitante número 999 que fizesse um "print screen" e mandasse para mim pelo e-mail ali em cima. Se precisar, eu até explico de novo como ele funciona. O visitante 1.000 não precisa não, viu?
posted by Oba Fofia at
00:34
quinta-feira, setembro 12, 2002
Definição
Se você pegar o Aurélio (ou o Houaiss, a escolha é sua) e for olhar o verbete ironia, vai encontrar algo assim:
Ironia: sf. (...) 75.Estar no cinema assistindo ao filme "Cidade de Deus" enquanto Fernandinho Beira-Mar está assassinando traficantes rivais no presídio de segurança máxima Bangu I.
posted by Oba Fofia at
23:19
"A única coisa que eu detesto mais do que não ser levado a sério, é ser levado a sério demais." – B.W.
No geral não sou uma pessoa mal-humorada. Talvez a minha mãe ria da minha cara por estar dizendo isso, mas se você perguntar por aí, vai ouvir algumas pessoas meio loucas dizendo que eu sou uma pessoa engraçada. Não vai ser nada difícil achar gente dizendo que eu não levo nada a sério, o que é uma calúnia absurda. Eu levo muitas coisas a sério: saúde, alimentação, educação, transporte, eu sou quase um candidato em campanha. Sou uma pessoa bem-humorada que acha que tem hora para tudo: enterros, por exemplo, não costumam ser uma boa hora para contar piadas. Mas o fato é que ando meio amargurada, com um certo desânimo permanente. Isso provavelmente vai gerar uma série de posts antipáticos e deprimidos, mas tudo bem. Acho que o meu leitor vai ler tudo com a mesma admiração psicótica de sempre. Tudo isso foi só para dizer que se alguém se sentiu ofendido ou ficou com a impressão de que eu sou uma pessoa desagradável, mal aí. Fica assim não, vai passar.
posted by Oba Fofia at
01:53
quarta-feira, setembro 11, 2002
Da arte da convivência
Acho que falo por toda a humanidade quando digo que detesto gente pedante. Se vem um sujeito que senta na minha frente para dizer: "eu sei tudo, eu sou simplesmente o máximo, sinta-se privilegiado por estar respirando o mesmo ar que eu", minha primeira providência vai ser parar de respirar. Agora se tem uma coisa que eu odeio mais do que gente pedante é gente que finge que é humilde, aquele tipo que diz: "eu não sei tudo, vamos discutir, conte-me a sua versão, para eu poder confirmar que estava certo desde o princípio e você não sabe de nada". O que pode ser traduzido em linguagem de segunda série como: "Iai, você é burrão".
Não quero me alongar sobre a questão, mas o meu ponto é: se ninguém quer ouvir o que você quer dizer, não diga. E se, por um milagre da natureza, alguém prestar atenção e quiser discutir, mantenha a calma, seja educado e ouça o que ela tem a dizer. Agora, se por um milagre maior ainda, você descobrir que estava errado, meta o rabo entre as pernas, sorria graciosamente e saia de fininho. Afinal, ninguém queria ouvir o que você tinha a dizer, mesmo.
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13:01
terça-feira, setembro 10, 2002
– Estou com tédio.
– Estou notando. Por que você não faz alguma coisa?
– Como o quê, por exemplo?
– Sei lá, vai ler uns livros.
– Eu estou lendo uns livros. E continuo com tédio.
– Então vai ver TV.
– TV dá sono.
– Então dorme.
– Eu não posso dormir agora. Se eu dormir agora, não vou dormir de noite. E se eu não dormir de noite, vou ficar igualmente com tédio, só que no escuro.
– Ok, fique acordada. Por que você não vai atualizar aquele seu brógue?
– Ah não, isso dá mais tédio ainda.
– Por quê?
– Porque eu vou ter que pensar. E pensar é chaaato.
– Então pare de pensar.
– Eu não consigo. E agora estou pensando em parar de pensar o que é muito mais chato.
– Isso é um problema. Deixeu ver se entendi: você está com tédio.
– Certo.
– E você fica com mais tédio cada vez que pensa que está com tédio.
– Sim.
– Então você precisa de alguma coisa para fazer.
– Eu já sabia disso. Você não estava prestando atenção?
– Espera, acho que estou chegando a algum lugar.
– Dá para chegar logo? Essa conversa tá muito chata.
– Entediada e impaciente, hein?
– Você vai ou não vai chegar à sua conclusão brilhante que vai resolver todos os meus problemas?
– Não, não vou.
– Por que não?
– Porque você está sendo sarcástica. Não deve mesmo estar precisando da minha ajuda.
– Ih, sensível você hein? Então tá, desculpa. Diz aí o que você pensou, vai.
– Só se você pedir com educação.
– Ok: você poderia por favor dizer o que foi que você pensou para me ajudar, por obséquio?
– Não.
– Não?!? Como não?
– É que agora eu esqueci. Não dá para começar tudo de novo?
– Ai, saco.
– Que foi?
– Estou com tédio.
– Estou notando.
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13:02
segunda-feira, setembro 09, 2002
Movie Quote Day
Uma pequena ode à amizade:
'– You can be my wingman any time.
– Bullshit! You can be mine.'
Tecla SAP (para o meu leitor psicótico e aqueles que são fãs da dublagem da Globo):
– Você pode comer o meu c# quando quiser.
– O meu primeiro, por favor.
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19:40
sábado, setembro 07, 2002
Engodo
Cada vez mais eu acredito que Murphy era um cara que sabia das coisas. Essa onda de frio, por exemplo. No final do "inverno" carioca, há mais ou menos um mês atrás, eu cheguei à conclusão de que meu casaco preto tinha morrido (e antes que alguém pergunte, não, eu não destruo casacos). Rei morto, rei posto: hora de comprar um novo casaco preto. Afinal de contas, eu sou uma pessoa que acredita na praticidade, ou seja, eu tenho um único casaco preto que combina com tudo e serve para todas as ocasiões (sim, isso existe). Então, na busca interminável pelo casaco preto perfeito versão 2002, encontrei um casaco de couro. "Uau, um casaco de couro. Isso é tão Easy Rider...", pensei eu, inocentemente. Eu podia quase sentir o vento no rosto, o sol do deserto, a liberdade da estrada e mais o clichê que te der na telha. Eu havia finalmente passado para o outro lado, eu era cool. Passei o dia me sentindo o máximo com meu casaco de couro no armário.
Obviamente, a partir daí só fez calor e no armário ele ficou. Então, essa onda de frio inesperada era para ser só alegria, certo? Claro, que não, você não está prestando atenção? A onda de frio me trouxe uma revelação sobre o meu casaco ultra-cool logo no primeiro dia: couro não esquenta. Incrível, mas o meu casaco ultra-cool nada mais é do que um enfeite. O.k., ele acrescenta um charme extra à minha personalidade, mas isso não vale a fortuna que eu paguei por ele. Eu paguei por um casaco bonito E quente, e ele é só bonito. Agora eu estou cool, com frio e me sentindo enganada. Quero meu dinheiro de volta.
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20:24
quinta-feira, setembro 05, 2002
Agora não posso, tô comendo meu Danete. É que eu não sou muito fã de Chandelle.
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23:35
Vocês ficarão felizes em saber que eu me livrei do "pão da culpa". Dei um pro gato que se esgoelava de fome na faculdade. Ele ficou quietinho e depois ficou rolando de agradecimento. Me senti realmente fazendo uma boa ação enchendo o gato de pão, mas logo depois que eu fui embora, ele voltou a se esgoelar para uma outra menina. Homem é tudo igual.
O resto do pão eu dei, tchã-nã, para um moleque que joga bolinha! O que foi incrivelmente difícil de achar. Onde estão os moleques do bolinha quando você realmente precisa deles?
Ah, e moça do pão, se você estiver lendo isso, desculpa, viu? Foi sem querer mesmo.
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23:29
quarta-feira, setembro 04, 2002
Momento crise ética
Eu acidentalmente roubei pão. Não foi minha culpa, eu juro. A mulher do supermercado botou o pão da moça na minha sacola e eu só percebi quando cheguei em casa. Agora a moça ficou sem pão, logo ela que foi tão simpática durante nossa breve conversa sobre estronofe. E eu fui lá e roubei o pão dela!
Eu não devolvi o pão ao supermercado, porque a moça já tinha ido embora de carro e o supermercado ia embolsar o dinheiro dela e provavelmente revender o pão. O que é um absurdo. Então eu fiquei com o pão, mas não consigo comer. Fico com uma baita consciência pesada só de olhar pra ele. Um saco cheio de pão-almofadinha e dois pães franceses, me olhando. Aí eu imagino a moça chegando em casa e o filho dela perguntando: "Manhê, você trouxe meu pão? Trouxe, Manhê?" e ela enfiando a mão na sacola e procurando o pão do moleque e ele ficando com a cara frustrada porque não vai ter merenda amanhã para ele levar para escola... Aaaah! Eu sou um monstro.
O primeiro moleque que jogar bolinha na frente do carro amanhã vai ter comida pro dia inteiro.
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22:07
terça-feira, setembro 03, 2002
A sola e a falta de cola – perdão pelo cacófato
Eu tenho uma confissão a fazer: eu sou uma destruidora de sapatos. Foi difícil admitir a princípio, mas agora que estou confortável com o fato, já posso anunciar para o mundo que eu destruo sapatos. Tênis, botas, sandálias, tamancos, todo e qualquer tipo de calçado; nenhum deles resiste muito tempo no meu pé. As tiras arrebentam e as solas se desintegram, o que me leva a ter uma penca de sapatos remendados e um cemitério de sapatos no armário. Ultimamente eu tenho enriquecido meu sapateiro local e sustentado a indústria de calçado nacional praticamente sozinha, o que deve ter alguma relação estranha com o fato da Argentina ter ido para o buraco e o Brasil não.
Não existe nenhuma explicação lógica para o fenômeno. Eu não tenho perna torta nem pé chato e não costumo fazer esportes radicais. Eu não faço nem movimentos bruscos se não for estritamente necessário. Talvez isso seja algum karma que eu estou pagando por ter feito xixi no meu Bubble-gummers (aquele que vinha com cheirinho de chiclete, lembra?) quando tinha 6 anos. Obviamente, o cheiro dele nunca mais foi o mesmo e talvez os sapatos estejam se vingando de mim até hoje. Normalmente é uma vingança a longo prazo, mas de vez em quando eles resolvem descontar no atacado.
Tenho uma sandália preta que tem um pé bom e um pé ruim. O pé ruim tem dois pregos segurando a sola ao sapato, um de cada lado, que se soltam sistematicamente à medida que eu ando. O que na prática quer dizer que eu tenho que parar a cada dez metros, mais ou menos, para empurrar os pregos de volta. Ok, não dá para correr a maratona, mas não é tão ruim quanto parece. A coisa degringolou mesmo quando esse passou a ser o pé bom.
Seguindo o precedente aberto pelo primeiro pé, o pé anteriormente conhecido como pé bom se descolou da sola. Mas, ao contrário do seu colega, não teve a decência de fazer isso em casa. Descolou-se na rua, em pleno estacionamento de shopping, e, suprema afronta, não se descolou totalmente: manteve um pedacinho colado no calcanhar, só para fazer flopt toda vez que eu levantava o pé. O que fazer numa situação ridícula dessas? Andar como se nada tivesse acontecido era impossível, pois além de fazer flopt, ele ainda teimava em não levantar a sola quando eu levantava o pé, o que criava sérios riscos de um tombão ainda mais humilhante.
A solução era tentar andar, flopt, flopt, até o piso totalmente liso do shopping e arrastar o pé até a Lojas Americanas mais próximas. Alguns flopt, swoosh mais tarde (obviamente a Loja Americanas ficava dois andares abaixo), cheguei à sessão de sapatos. Comecei a procurar um substituto de emergência, mas quem disse que os sapatos me deram uma trégua? Não tinha nada que fosse meu número. Procura daqui, procura de lá, levou uns dez minutos para achar um fabuloso chinelo Ipanema preto número 39/40, que custou apenas R$5. Paguei, troquei os sapatos e andei o resto da tarde com meus gloriosos chinelos Ipanema sobrando no pé pelo shopping todo.
Tenho que dizer que não me incomodo mais com isso; aprendi até alguns truques interessantes para evitar surpresas. Como o sistema rotativo de uso, por exemplo: nunca usar o mesmo sapato por mais de dois dias seguidos. Outros são pouco práticos, como andar com cola de sapateiro na bolsa. Seria até uma boa idéia, se as pessoas não tivessem essa mania irritante de não pensar o óbvio. Fala sério, ninguém ia acreditar que eu ando com cola de sapateiro na bolsa para colar sapatos, ora bolas.
Dedicado ao Vitor - que sabe o que é ter que andar plect, plect com a sola solta por aí.
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23:12
O Google não quer liberar a ricotinha pra mim. O que não impede as pessoas de chegarem aqui mesmo assim. Inclusive dos jeitos mais bizarros. Teve um que veio parar aqui procurando "papel de parede do exterminador do futuro 3", o que deve ter sido mega frustrante pra ele. Desculpa, amiguinho, mas já que você está por aí, pode ficar à vontade. Só não tira a roupa não, que isso aqui é um brógue de família.
Agora, o campeão de acesso estranho foi o sujeito que chegou aqui atráves da grade de horários de uma academia de ginástica na Bahia. Alguém quer me explicar como diabos ele fez isso?
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14:53
Movie Quote Day
– Ué, mas o dia da citação de filme não era segunda?
– Sim.
– E hoje não é terça?
– Sim.
– Agora eu fiquei confuso.
– A idéia é essa.
'Me, I don't talk much... I just cut the hair '
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00:58
segunda-feira, setembro 02, 2002
Manhê, olha o que eu ganhei
Uma pessoa simpática e desconhecida fez isso pra mim. Isso não faz o menor sentido. Ela deve ser louca. Obrigado, mesmo assim, pra an scott b (ou alguma coisa parecida).
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21:31
domingo, setembro 01, 2002
Questões relevantes para pensar em momentos em que você não tenha nada melhor para pensar (como agora, por exemplo)
Será que o Peter Pan se chama Peter PAN por que ele toca uma flauta de Pã?
Que fim levou o Robin?
Que fim levou o "Que fim levou o Robin"?
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23:53
e B=C...
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23:52
Se A=B...
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23:51
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